quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

meu paraíso intocado

O meu paraíso é uma ilha chamada saudade
O meu desafio, é tomar para mim as verdades fugidias do ontem e as fantasias impunes de amanhã.
Caminhando nessa estrada, eu vejo a pedra e a flor e as duas me parecem suaves,
Eu vou te guardar comigo por essa estrada a fora; eu vou derreter castelos de gelo,vou fazer promessas,vou chorar a minha lágrima mais sincera...
... e a pausa que a noite der, vai ser o início da festa em mim:vou celebrar a vida e amor em um único brinde, vou ver em teus olhos todo o meu caminho,vou sobreviver a distância, só por saber o quanto ela faz pela mesma saudade que me abençoa todo dia...
Quando eu estiver na minha ilha, sua lembrança ficará cravada nas estrelas!
eu buscarei a paz em mim , na confusão que os sentimentos meninos farão em meu peito...eles brincam de girar mundo dentro de mim..e giram e giram...a música que se produz dessa roda gigante, é o que me impede de fugir do medo do novo.
O que eu sinto aqui não é por você, é você feito frase e flor.
Se você partir,apenas prometa que me leve junto,me leve na lembrança de um adeus que não queríamos ter dito, mas que ainda sim foi o mais belo que já se viu,me leve na ausência de um abraço que jurou nunca se desprender...
me leve só na alma, só ali saberei existir!

(remexendo em minhas pastas no pc,enncontrei esse texto escrito em 07/06/08,sabe-se lá Deus sob que trilha sonora ou episódio vivido)

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

através do universo

...foi quando a música falou na alma;
Quando um cenário mágico foi pano de fundo para o que queria transbordar do coração através dos olhos...e conseguiu!
Existem anjos e estavam todos ali, parando por alguns minutos o tempo, para que ele se tornasse testemunha de algo maior.
Os seres humanos sublimam às vezes...sublimam quando no toque se dá o veredito,quando num olhar se acha mais respostas que em qualquer livro...os homens sublimam quando amam!sublimam-se por aqui ser proposital um verbo reflexivo!Evadem-se de si mesmos, vão além de projeções,vão além de pormenores falíveis.
O toque,a voz,o beijo,o aconchego do abraço(morada dos sonhos)exaltam o que há de mais divinal entre duas pessoas, exalta o que foge ao entendiemento e por isso mesmo é fantástico.
As palavras em geral soam vagas em quaisquer definições que ousem alcançar o amor:amor menino,amor amigo, amor irmão,amor amante,o amor que se pretende eterno apenas enquanto tiver forças para tal.
A música deu o tom onírico,deu o tom das infinitas possibilidades a dois corações que se encontraram em suas notas e aí selaram o maior dos compromissos:A verdade nos olhos!Nunca vou me esquecer daqueles olhos...Ali me perdi e achei o céu.
As lágrimas lavaram a alma e anularam qualquer possibilidade de se macular o sonho pintado na aquarela sutil daquelas nuvens,
...foi como se por um instante o universo todo tivesse ficado pequeno demais,como se atravessá-lo fosse a única maneira de o coração não parar ali mesmo na efervescência de tanto sentimento miscigenado.
De repente o mundo todo era um palco pequeno demais para um cenário com lagos,patos, sonhos e escolhas...Eu escolheria viver aquele segundo para sempre!
Um lago já houvera sido triste,já aquela imensidão toda de água ali, era mais que um espelho de água ou de alma, era a redenção de todos os medos,o êxtase da cumplicidade.
E como dizia a canção ao fundo,"as palavras fugiam como a chuva" e os "lagos de tristeza,ali tremulavam de alegria"...tudo naquele instante fazia "renascer o amor sem limites"..."através do universo"!
Então eu simplesmente me calei,libertei o amor e deixer estar...
Let it be!!!

(Relato de cenas vividas às margens não de um lago,mas de uma represa,ao som de let it be e across the universe dos beatles,ao lado de alguém impossivelmente especial:obrigada Luiz, a luz dos seus olhos ilumina o caminho rumo ao meu próprio coração)

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Por você!

eu iria mais longe por você...
eu iria até onde meus olhos não alcançam e minhas pernas não ousariam chegar
Pode ter certeza de que eu não mediria esforços para te fazer sorrir, nem tão pouco para estancar suas lágrimas
Eu iria sim muito longe por você: brigaria com suas angústias até minha completa exaustão,
mas também brigaria com você se você permitisse que ela desse as cartas,
Eu cumpriria suas promessas (esquecidas pelo caminho por alguma decepção imediatista) com seus santos, ainda sendo contra isso tudo, só para que você mantivesse seu crédito com os Caras lá de cima.
Eu aprenderia a orar em todas as crenças só para que você sentisse que é abençoado.
Eu passaria fome e frio num deserto qualquer, só para ver o céu impoluto contigo!
Eu mudaria meu cardápio se seu estômago rejeitasse meu prato predileto;
Eu seria capaz de te carregar por quilômetros, só para seus pés deixarem de sangrar
Eu ficaria em silêncio por horas, se eu sentisse que essa era sua canção necessária, mas eu estaria ali, ao seu lado.
Eu tomaria porres homéricos contigo,mesmo tendo que encarar reuniões de trabalho definitivas ,duas horas depois,só porque você resolveu que precisaria bebemorar algo
Eu descobriria talentos diários em mim só para não deixá-lo decepcionado com minha possível mesmisse.
Eu te abraçaria mil vezes ao dia , se em meu abraço você se achasse confortável.
Eu me ajoelharia em pedras só para ficar mais próxima a você quando a tristeza o derrubasse, pois eu o levantaria sempre, ainda que já não tivesse braços para isso.
Eu passaria noites em claro só para velar o teu sono,e de escudo e espada em punho,eu afugentaria todos os seus medos.
Eu te olharia nos olhos em silêncio e entenderia tudo se você não se permitisse verbalizar a dor.
E te daria umas boas palmadas se você depusesse contra si mesmo em alguma coisa
Eu jamais carregaria seu fardo todo por você,ao passo que eu também jamais me cansaria ou me furtaria em dividí-lo contigo,assim andaríamos no mesmo compasso,sob a mesma carga.
Eu subiria em andaimes, mesmo temendo altura, só para te oferecer um lugar para se segurar
Eu te faria uma canção, se eu soubesse compor...
Eu jamais te negaria um colo,ainda que fosse eu a precisar de um de fato...
Eu sofreria como nunca se você partisse...
Eu faria mil coisas por você, só não desistiria de estar sempre ao seu lado,você entendendo as implicações todas disso ou não,
Tudo isso simplesmente por que você é MEU AMIGO e eu TE AMO sem mesuras, sem nem me perguntar o porquê!!!
( aos amigos de ontem,de hoje,de sempre e ainda aos que virão:vocês são minhas relíquias e amá-los não é nenhum sacrifício, sacrifício é não tê-los por perto!Obrigada por nortearem minha vida,obrigada por iluminarem meu caminho!)

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

VIDA EMPRESTADA

...e de repente aquela sensação...
vivo uma vida emprestada,com sonhos,amores e desventuras emprestados.
Minha casa,meu trabalho,meus amigos,minha família:nada é meu!E nada é meu,não pelo sentido libertário da coisa, mas por simplesmente eu não ter ,de uma hora para outra, mais identificação com coisa alguma.
A sensação que tive,é que o "eu " consciência,se apoderou de um corpo só para ter uma existência material e que perdeu sua essência nessa contaminação mundana do eu-matéria.
Essa torturante certeza de que até o ar que respiro me foi ,por caridade, cedido temporariamente,é claustrofóbica!
Vive meu corpo não pela minha própria força,mas pelo tomar emprestado de outrém,que frente ao espelho se parece muito com o que dizem ser Eu!
O fato é:eu tomei uma vida emprestada,talvez incida aí a anti-força dos meus desejos, a fraqueza de minhas utopias.
A falta de planos em si,hoje eu vejo, pode denotar um resquício de consciência da vida que cooptei,o que me impediria então, de traçar metas e me apoderar delas como sendo realmente minhas, afinal, já foram de outro alguém.São metas inatingíveis a um corpo sem alma ou a uma alma sem couraça.
Se sou assassina,ladra ou apenas tomadora de empréstimo de vidas alheias ,eu não sei,apenas sei que me perdi em meio a essas conjecturas.
Penso que seja a completa não aceitação de meu status quo,é a completa não aceitação de fracassos, que não reconhecia tão imensos, na pessoa que eu julgava ser eu!
Certezas?nenhuma...mas imagino que quem aqui escreve, não seja Eu!

(relato de um momentinho non sense ocorrido por esses dias)

terça-feira, 5 de agosto de 2008

A GAVETA E O TEMPO

Cuidado com tuas relíquias, teus fatos e retratos acomodados no tempo
Cuidado com o excesso de zêlo com uma lembranças apenas, que leva ao esquecimento do calor do contato
Cuidado com as poucas horas que tem reservado para as coisas que realmente valem algo em sua vida.
Quando se acomoda as coisas no tempo, muito sentimento também vira pó,muito sentimento também vira uma foto velha e amarelada,esquecida num canto qualquer
O tempo é senhor dos enganos, mas muito tempo é subterfúgio de covardes...
Já dizia a canção que todo amor dorme numa gaveta, numa sala escura...às vezes os amores precisam de ar fresco e uma dose exógena de renovação,coisa que as gavetas não lhes proporcionam...o cuidado é vizinho do aprisionamento.São apenas diferentes proporções que se aplicam e em geral,estão aí todos os pecados mimetizados.
Sempre gostei de dizer que as pessoas queridas eu guardo dentro de uma caixinha azul...mas nunca tive intenção de deixá-las lá, intocadas...só as quero acessíveis, e as coloco dentro de uma caixa azul, para que o tempo também não as leve num amarelamento qualquer,feito o que faz com papéis velhos...tornando-os ilegíveis.Contraditório poderia parecer, isso se eu não as permitisse respirar...serai contraditório se essa caixinha azul não fosse a mais nobre parte do meu plebeu coração.
Quero ler meus amores e meus amigos mil vezes, protegidos pelo azul do sonho acalentado,quero rememorar mil abraços nessa caixa que não se acomodou no tempo.
De um livro acomodado no tempo,pode até se retirar a poeira, mas e de uma pessoa?
Uma pessoa pode ser recoberta pela poeira da dor, do esquecimento e do desprezo e nunca mais voltar de lá...pessoas não se desfazem fácil do amarelamnto imposto pelo tempo...há inclusive quem nunca mais se refaça dele,pois acabam por preferir a solidão ao descaso,a poeira ao frescor da conveniência.
A poeira que encobre pessoas, encobre a elas e a quem as perdeu no tempo..encobre sonhos, encobre desejos,encobre planos...encobre vidas.
Nem a saudade se acomoda no tempo, dá mil e uma voltas para voltar ao mesmo lugar sempre renovada, sempre disposta,sempre salutar..em seu movimento está o segredo do não acúmulo de poeira,em seu contínuo movimento está a sua força.
Por isso digo a mim mesma:cuidado, almejar companhia de pessoas quando já se tornaram lembrança, pode ser mais dolorido que simplesmente soprar o pó!
Bom seria guardar o tempo numa gaveta, ou não...

domingo, 20 de julho de 2008

é chegada a hora?

Chega o tempo que a saudade toma proporções desmedidas...
Chega o tempo em que a saudade torna confusos até outros sentimentos teoricamente bem consolidados,
Chega um tempo em que a saudade reina absoluta!
Chega um tempo em que a saudade é o que se tem de melhor ou é tudo o que se tem...
Chega um tempo em que a saudade á escudo e espada.
Chega um tempo em que sentir saudade é sentir a alma coberta de bençãos;
Chega o tempo em que sentir saudade é um apego indizível ao passado que não se quer deixar passar.
Chega um tempo em que só saudade basta,mas...
Chega um tempo em que a saudade não pode mais ser alimentada, terá que existir por si só. Chega um tempo em que tudo o que fica é a saudade de sentir saudade
Chega um tempo em que saudade é o nome da mais linda prece que eu faria se eu soubesse rezar!
Sempre é tempo de ser Saudade!!!

domingo, 13 de julho de 2008

adoro!!!

Ainda do alto dos meus wiskys,saltos,decotes,strass e criticas ferrenhas ao “itápolis way of life”, consigo chegar até aqui lúcida!
Lúcida o bastante para saber que nada se perde numa noite dessas...nada se perde ao esperar uma mesa vagar,nada se perde ao escomungar um ser que se faz presente, apenas para tentar tornar decrépta a noite alheia,nada se perde ao se tomar um wisky como se fosse o penúltimo do mundo,nada se perde ao relembrar o passado e muito menos,nada se perde ao olhar para as luzes e perceber que nem o seu presente está ali,mas você está lá e vamos indo...afinal, o que importa é estar por ali...afinal,nada se perde ao observar pessoas.
As pessoas e sua sordidez em geral me comovem e a falta de veracidade no que dizem ou creem que sentem,idem...mas eu adoro isso!Adoro como que se entregam as vontades primárias,adoro como vertem expectativas frustradas antes mesmo delas nascerem.
Adoro como a hipocrisia dita regras que não são as que eu sigo,adoro como “in vino veritas”deixa tudo mais fluido...ainda que não seja pelo vinho!
Adoro como é quase sufocante me divertir com a miserabilidade de “belas” almas...adoro como que a futilidade traça tantos destinos que não o meu...
Adoro reticências para falar de tudo que amo e odeio,pois nelas cabem mais argumentos que em Ruy Barbosa!
Adoro ter descoberto a força de alguns sentimentos muito recentemente e ainda estranhá-los feito adolescente,afinal adoro sentimentos e suas variações temáticas.
Adoro ser taxada de “leonina verdadeira” e por isso ter quase um salvo conduto(como se dele eu precisasse) para ser excêntrica!(excêntrica, eu?)
Adoro não saber o que é ciúme;adoro valorizar o que é liberdade...adoro ver no que a maioria vê problema,a satisfação.
Adoro ser uma grande farsa, adoro não caber em rótulo algum,adoro não ser a norinha que a sogra pediu a Deus nem ser a que ela nunca pediria...adoro até mesmo estar alheia aos pressupostos e gostos alheios...
Adoro ouvir vozes e sons e ainda ler olhares que ninguém mais leria, apenas porquê estão ocupadas demais para prestar atenção no outro...
Adoro sentir saudade e saber que não é um peso,mas uma abóboda mais em meu castelo de desejos.
Adoro não saber como se constrói uma felicidade redondinha...só vou tentando e isso já me faz mais corajosa que muitos! adoro não gostar de meu jeito e ainda assim não trocá-lo por nenhum.
Apesar de muitas vezes,ser bastante difícil ser simplismente eu...adoro isso,mesmo sem motivo para isso...apenas adoro!

terça-feira, 8 de julho de 2008

meus meninos

São só meninos
são só meninos bordados de estrelas ,piercings e barbas cerradas,
são apenas meninos e já se imputam viver um grande amor...só não sabem disso
são meninos e estão sob o sol árduo do amadurecimento
são tão meninos que não sabem se choram ou partem insensíveis
são apenas meninos e se decepcionaram sem o direito de sorrir no vinho tinto e seco de suas agruras,
Os meninos não tiveram segunda chance.
eram meninos,mas o tempo rompeu seus invólucros....
já não são meninos fora de seus casulos.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Do caos ao acaso

Eu calo a boca do caos,
Porque para mim o caos é fogueira incandescente que se apaga na primeira chuva das minhas madrugadas.
Eu suprimo a dor e onde poderia causar danos, ela causa reparação.
Estou sob o medo,estou sobre a coercitividade de almas baixas.
Busco respostas (sem as querer de fato,prefiro as perguntas), ao passo que crio crateras quase que intransponíveis às banalidades.
Minhas frases são soltas, mas meu discurso vem em uníssono com meu desejo calado,e eu já não me importo de calá-lo! Gosto desse silêncio tendencioso e quase profano!
Sei dos por vires, sei dos pesares,mas continuo fiel ao que sinto,ainda que o que eu sinta seja apenas que eu deva ir embora...
Incongruente,contraditória é assim que me encerro.
Tenho a nítida sensação que o sentimento se esvai, mas se necessário for, recrio mil vontades em mim , apenas para não deixar meu coração com um eco qualquer, de uma ausência que eu não almejo.Coração vazio é pouco mais que um reflexo desfocado em um espelho d’água...outros espelhos d’água...
O viés íngreme da saudade é o acorde primeiro do que eu deleguei ao tempo e o tempo a mim delegou a arte da pálida esperança...Mas que ninguém jamais julgue que espero algo do outro;espero só de mim,temo esperar pelo que não pode vir,logo, espero pelo que ouso transformar em traços ora torpes,ora sublimes de realidade.
Eu aprendi a olhar para meu sonho,e sei que está ao alcance de minhas mãos, por mais que me entorpeça para achar que está distante...ele virá,ele tomará forma, aí não suportarei escondê-lo mais de mim.
Em meu alforje tenho a liberdade e é assim que eu vou para minha Guerra Santa:
De alforje e sonho...

domingo, 1 de junho de 2008

RETICÊNCIAS EM UM MUSEU

Fugindo de mim mesma;
Sei bem das confusões que a noite traz...
Imagine alguém precisando tirar férias de si mesma...Imagine alguém que não se reconhece em algumas as suas próprias atitudes?!Agora imagine tudo isso dentro de um coração afoito, sedento de respostas que não é capaz de achar em si mesmo... Pois bem... Esse alguém sou eu!
Imagine alguém confusa; imagine alguém que não consegue dar voz ao próprio coração: essa sou eu... E só numas dessas muitas noites de insônia como a de hoje, que isso toma proporções inimaginavelmente cruéis...é como se o sono me desse um salvo conduto (ledo engano)Como que se de olhos fechados eu não existisse,ou ao menos eu não me visse...mas me vejo;sofro das mesmas angústias dormindo ou acordada...os dissabores são os mesmos,

Os caminhos se estreitam unicamente pelas escolhas que fiz; certas ou erradas foram minhas e de ninguém mais e é aí que dói... Não dá para me eximir de uma culpa que é só minha; não há quem culpar além de mim pelos atropelos em minha vida.
Hoje eu não me reconheço em meu corpo,em minha mente, em meu coração;deixei de lado meu corpo e não gosto do que vejo,minha mente deixou de privilegiar muito do que me era vital e meu coração, esse eu subjuguei há tempos...

Eu já não caibo em mim... E não e por ter alma grandiosa... É sim porque agora me perco nos espaços vazios que eu tenho deixado acumulando poeira em mim...
O mundo que eu conheço hoje é um museu na madrugada fria, cheio de pedaços do passado,alocados numa arquitetura própria,mas proibido a visitação...é assim que me sinto...um museu de madrugada...às vezes quero implodí-lo,às vezes lacrá-lo!

Falam-me de anjos e fadas... Eu falava com anjos... Eu pedia benção às fadas... Agora ambos são peças de decoração em minha estante, pois também não sobrou espaço para eles em meu museu de madrugada... lá só cabem lembranças intocáveis,poeira, eco e medo da escuridão.

Essa é toda a paz que eu conheço: esse eterno reverberar de desumanidades...minhas desumanidades,que ecoam dissonantes no vácuo que eu deixei crescer internamente.
Unhas vermelhas feito sangue para inspirar alguma dor...olhos de água que de tão desconcertados com o que vêem não tem mesmo cor...onde está a gama de nuances para a vida que eu criei ?

Eu construí um castelo...agora estou presa nele!

Chega de clichês, chega de falsas expectativas...a hora é sim de chão, de luto por mim mesma,de luto pela morte de boa parte das coisas que acredito...estou na lama esperando que ela seque, esperando que vire pó e que desse pó ressurja algo em mim mais que uma sombra.Seria isso a tal da esperança?

Já não sou capaz de sonhar,são os pesadelos que ditam o ritmo da poucas horas de sono...já não sou capaz de pensar em alguém...o egoísmo e o auto-encarceramento me impedem de me doar.

E quem disse que não se pode desistir por um tempo de si mesmo?

Preciso ver nisso tudo alguma lição...algo que me compense por essas noites em claro,nada benevolentes com meu coração;

Mas ainda corro o risco de não correr risco algum...aqui,enjaulada em meus temores e frustrações nada me aflige...e nada poderia ser também mais insípido.

Quero pedir ajuda, mas não tenho voz,e meus braços não alcançam ninguém...aqui no fundo, no subsolo desse museu frio,ninguém vai me achar .

Eu ouço o que me convém nesse escuro e agora só me convém o silêncio...
Que seja então esse silêncio minha canção de ninar... E que quando eu acordar, que os anjos e fadas tenham voltado...
Que o sol esteja brilhando forte e que meus olhos suportem o brilho...

então as portas e janelas de meu museu serão abertas...ou não!

sexta-feira, 9 de maio de 2008

chinelo velho e pé cansado.

Existe um ditado que apesar de reconfortante para alguns, não tem por onde me deixar mais indignada...é o tal do “haverá sempre um chinelo velho para um pé cansado” ...
Será que as pessoas que crêem nessa “expectativa” de vida, vivem de verdade?Ou são sombras se si mesmas?Sombras do pó em que os próprios desejos se tornaram?
Sou uma caminhante, uma andarilha, alguém cuja vida é saber que a parada não é para acomodar,é para traçar novas trilhas e se um dia meus pés precisarem ser calçados,certamente não é com chinelos velhos que eles se fartarão;antes com um bom par de botas de escalada ...isso sim condiz mais com o que eu quero para mim...
Por muito tempo andar descalça será mesmo meu destino,ora pés doloridos,ora,na reconfortante relva a mordiscar sensações únicas de veludo e feno; ora ressequidos e machucados,ora molhados por um riacho a beira do caminho...mas não permitirei que sejam nunca apenas pés cansados...pois os pés que se cansam,cansaram na realidade de si mesmos,cansaram da coexistência nada tímida entre pé e caminho,cansaram de sustentar sonhos.
Aos pés cansados pode sim haver um chinelo velho,mas ao contrário das combativas botas de escalada, que meus pés almejarão quando galgaram íngremes terrenos,os chinelinhos velhos não serão bons companheiros de viagem,serão mais uma cama mal feita,com um colchão velho e rude, onde os pés cansados se acharão em casa,pois já terão parado ou mesmo nunca terão sentido a grandeza de vôos mais altos, então se verá que os chinelinhos velhos,puídos,castigados pelo tempo e pela falta de ousadia, sempre temeram se transmutar em bons pares de botas.
A um pé cansado cabe mesmo um par de velhos chinelos,porque aos chinelos velhos só se delega quem não tem necessidade de sair do próprio portão. Pés que se arrastam não precisam de um bom solado,isolar a pele do chão frio é o que basta, precisam no máximo de um pedaço de pano velho que os aqueçam e esse pano velho fantasiado de companhia, estará à espera de que com um pouco de utilidade, não seja descartado ou trocado por uma sandália havaiana nova abruptamente afeita a um par de meias ridículas .
Quando enfim meus pés ousarem pensar em cansaço, os pés de minha alma continuarão a andar, vagarão pelas minhas florestas e pelos meus desertos só para lembrar aos meus próprios pés, de que o cansaço é mesmo um estado de espírito e não uma necessidade de parar de viver.
O que se diz sobre o morrer um pouco por dia mesmo achando-se vivaz, é tão certo quanto a necessidade que se tem do ar.Viver à sombra de parcas ou desesperadas escolhas não faz de ninguém um herói por insistir,mas um pobre coitado por não tentar de fato algo que lhe satisfaça.
Chinelos velhos são escolhas estagnadas de pés cansados: pés cansados de serem eles próprios,pés cansados de frustração e iniqüidade que vêm de si mesmos.São escolhas, que mais do que aceitação,se faz por imposição de um medo estúpido de estar só para o restante da caminhada.
A busca em si é algo muito mais valioso que o resultado dela,já me dizia esses dias alguém muito especial,e se a busca for por um par de chinelos velhos,eu sinceramente não quero mesmo chegar ao final dela.Quero só que meus pés desbravem o caminho e se as botas surgirem,que eles as calce, sabidamente incentivados e impelidos a escalar montanhas juntos.
Deturparam o conceito de solidão,impuseram uma ditadura de casal,seja esse um chinelo velho e um pé cansado ,seja uma senhora frustrada e neurótica e seu marido condescendente e conformado.
O caminhar a dois tem que ser mais que isso:tem que ser sim um encontro de pés incansáveis e boas botas,tem que ser de parceiros que não se estanquem,mas se impulsionem.Romper paradigmas não há de ser segredo ao par de bons caminhantes,segredo seria não vir a liberdade de um amor maduro no que ele tem de mais maduro,a própria jovialidade.
Comodismo é insípido, é castrador,é retrocesso.Estar apenas disposto a encontrar um chinelinho velho para seus pés cansados é a mais triste aceitação da miserabilidade humana auto-imputável.
Sou bem mais que um pé cansado, e não serei jamais um chinelo velho a apenas oferecer um calor fake,cego,recoberto de fuligem e tristeza.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

entre espumas e anjos

Depois de um filme...foi depois de um filme já pela 3 ªvez assistido que me veio a tal história da espuma no banho...
Não sei se pelo momento particular que andei passando, ou se por minha sugestionabilidade natural , (depois de uma sessãozinha básica de 3 filmes nesse feriado do dia do trabalho :dia mor do ócio para mim)que eu depois de muito pensar sobre mil coisas ao mesmo tempo,coisa típica aliás da pessoinha aqui,me peguei embaixo do chuveiro,com a água quase que fervendo,devido ao friozinho confortável que estava,brincando de fazer roupas com a espuma do sabonete,assim como eu fazia quando eu tinha lá meus 6 ou 7 anos,em meus memoráveis banhos semi-eternos de no mínimo 40 minutos.Eu fazia uma espuma densa com o sabonete e ficava moldando roupas de divas em mim...chegava a sair do boxe do banheiro só para ver minha sublime criação no espelho...hoje eu não cheguei a tanto,mas que por alguns momentos eu moldei um vestidão maravilhoso de espuma,ah,isso eu fiz...ficou aquele vestido,austero ,mas sexy,branco,mas intenso,igualzinho aos da minha infância...
Lembrei-me então, que recentemente durante um banho também,veio um anjo e disse de um jeito meio brincalhão e desconcertado ,como todo bom anjo deve ser,que estava me lavando...sorri e ali eu percebi que ele realmente tinha me lavado,inclusive a alma...ali no meu banho um anjo veio e me trouxe a liberdade na asas e quando resolveu me lavar,diluiu em água minhas angústias e elas se descolaram de mim. Então,quando vem a tristeza ,me lembro do sorriso daquele anjo dizendo: “to te lavando”...é meu anjo da guarda,você realmente estava me lavando,estava me purificando para um mar de sentimentos que a partir dali teriam outra conotação em minha vida...nunca mais esqueci aqueles olhos do Anjo,nem seu sorriso,quase profético.
Bom, voltando as espumas do meu banho de 1º maio: Quando me dei conta do que eu estava fazendo, toda aquela espuma e eu preocupada com o decote do “vestido”, fiquei surpresa como no fundo eu havia estado triste por não fazer coisas assim há tempos... Há quanto tempo eu não fazia vestido de espuma?Há quanto tempo eu não moldo máscaras e vasos de argila que o papai trazia de um rio próximo a nossa casa porque sabia o quanto eu gostava?Há quanto tempo eu não desenho roupas e casas?Há quanto tempo eu não sento no chão, toda esparramada para assistir um desenho com uma bacia enorme de pipoca?
Está certo que também faz muito tempo desde a época em que essas coisas eram corriqueiras, afinal, há muito já não sou criança, mas a minha criança continua aqui...viva,manhosa,brincalhona e teimosa,querendo me guiar em muitas situações...antes,tivesse eu me deixado levar por ela muitas vezes; teria evitado muita dor,muita mágoa ,muita angústia de adulto.
Engraçado como que essas situações todas me vieram a mente depois de um filme sobre crises típicamente de adultos:dependência,passionalidade desmedida,posse e medo de verdades.Coisas, que criança não teme,porque também não conhece...mas se conhecesse,certamente se sairia melhor que os adultos no alto de sua empáfia!
A sensação se ser uma criança adulta é complicada,ao menos para mim,porque ora me obrigo a ser fria ,madura demais nas decisões,ainda que me façam sofrer,ora o que eu quero é desesperadamente um colo e só,onde eu possa chorar e ser mimada,sem muitas questões postas em cheque.Sabe aquela coisa de não ter que explicar?Só precisar se aninhar num colo querido?então..às vezes é só isso mesmo que preciso.
Comecei a pensar como eu quero de volta aquela sensação mágica de que os problemas acabam com uma noite de sono... assim eram meus problemas na infância:validade:até o soninho revigorante da noite.
Ou seja, dia novo, vida nova,alegria nova,problema novo..até que outra noite viesse e lá estava eu,me despedindo de novo de minhas angústias...
Quando eu era criança, eu também tinha anjos por perto, talvez não tivessem esse sorriso do anjo que me banha a alma hoje em dia,mas assim como ele,me traziam paz,e me protegiam do pior de mim:o pseudo-amadurecimento,o recrudescer sem volta.
Entre espumas, lembranças e anjos, tenho apenas uma certeza, a Terra do Nunca é aqui, em meu coração!Não pretendo crescer...não saberia ser adulta...

terça-feira, 15 de abril de 2008

Autoflagelação, mito da caverna e um anjo.

Circunscrevi-me no ócio latente da alma...alma engessada,atônita,perplexa .
Como da pia batismal, vali-me em meu coração da ablução necessária...a derradeira purificação para derradeiro momento...e enganei-me!
O derradeiro instante de pesar,o derradeiro instante em que o lamento parecia-me a única forma possível de prosseguir...
Lavei-me então nas gélidas águas do coração enfermo, batizei-me repetidas vezes na crueldade de minha autoflagelação, para só então, depois de muito pesar, ter podido vislumbrar, nada distante de mim, a redenção
... Achei-a no mesmo coração que julgara outrora enfermo, no que eu acreditara estar acometido pela indiferença;
Achei a redenção na memória,na justa sacralização do que eu condenara ao passado...sabia intimamente que desejos,sonhos e carinho, permeiam a vida sob qual circunstância for,quando sinceros,mas ainda sim,acabei por convalescer de trôpegos ensejos de auto-penitência.
Vislumbrar a não dor, o não pesar, o não ruir, parecia-me tarefa inglória a alguém como eu e mantive-me ainda na ignorância dos covardes...
Quando a luz veio do mesmo lugar de onde julgava ter vindo as trevas, notei claramente que era eu, todo o tempo,a dar as costas para a claridade: Ela sempre estivera lá...e tal qual os prisioneiros em Platão,eu tinha me acostumado às sombras,inclusive a minha própria!
Foi então, que uma brisa oriunda do ruflar das asas de um anjo , reposicionou-me na direção da verdade.
Defronte ao clarão que acuava os instintos de defesa, meus olhos foram momentaneamente ofuscados...aos poucos as coisas foram tomando a forma real. Sentimentos se reordenando,angústias se dissipando.
A minha redentora lá estava...minha salvação,minha libertadora...aliás,como eu já houvera dito,nada havia mudado ,senão eu ,ao dar as costas ao meu mundo...e lá estava Ela,linda,impoluta,intocável,pronta a me tomar nos braços e me trazer sorrisos aos lábios.
Fui imediatamente arrebatada pela mãe de todos os perfumes da alma...deixei-me envolver pelos longos e cálidos braços da Saudade...e suplantei a dor,voltei...e retomei meu caminho.
E cá estou, livre de pesadelos, de falsas amarras e sentimentos espúrios que nunca deveriam ter se aproximado de mim...estou leve e tenho as magoas todas sob o devido controle da percepção dos fatos.
Aquele Anjo, ensinou-me a devolver ao meu coração o que lhe alimenta:a mesma Saudade que me libertou.
Estou a caminho de casa, enfim!
obrigada anjo!
15/04/08
( em dias que fugi de mim mesma)

quarta-feira, 9 de abril de 2008

LITERATURA CLÁSSICA HOMO SAPIENS

Eu me descobri uma leitora ...
Sempre tive uma certa compulsão por leitura,do tipo que lê uns dois ou três livros de uma vez,tomando cuidado para diferenciar os gêneros e tudo mais,no entanto,foi numa dessas brechas que agente dá em certos hábitos que nem sabe bem o porquê, que eu me descobri uma leitora de seres humanos: É, eu leio pessoas;não que as entenda sempre,mas ao menos eu tento e vejo sim algum mérito nisso;explicarei o porquê:
Há muita agente por aí devorando Freud, Jung,Gandhi,Dalai lama,Nuno Cobra não sei das quantas,e não pára para ar bom dia para o jardineiro do prédio,não diz obrigado à mocinha da padaria e não dá boa noite para mulher/marido quando chega em casa e tem lá suas 3 horas de convívio com a família...é mais fácil jogar a pasta sobre o aparador,tomar um banho,beliscar algo na geladeira e dormir com raiva do(a) parceiro(a) por não ser mais cordial ou atento(a),quando na realidade,nem um único olhar foi trocado,quanto mais uma leitura sutil de almas.
Falta disposição no ser humano em ler o outro e deixar-se ler.Penso que um olhar mais atendo pode e deve abreviar discussões,minimizar sofrimentos e sem sombra de dúvidas desvendar mistérios da alma humana.
Leitura de ser humano(leia-se um pouquinho de atenção ao outro)evita separação,morte,anorexia,colesterol,excesso de silicone e vizinho intragável...nem sempre, é claro,mas que ajuda,ah, isso ajuda!
Estou longe de ser uma expert em humanidade, mas quando ouço atenta, por exemplo,o seu Antônio ,que chega manco e sorridente pedindo alguma informação em meu trabalho e brinca que jogará futebol no próximo fim de semana sem parar,leio naquele seu Antônio,um senhor que tem lá seus 60 e muitos anos,que apesar dos cabelos brancos e das pernas um tanto fragilizadas,que há sede de vida em cada poro seu;leio em seu Antônio ,que falar de seus anseios e sonhos impossíveis é uma forma de vivê-los e acima de tudo,dizer isso para alguém, que compartilhe com ele essa conversa em meio a sorrisos e conselhos sobre “não exagerar na dose”,transforma esse homem em um livro:fácil,agradável ,por vezes desconcertante,tamanha a complexidade de sua sutileza...paradoxal?Não, humano!
Leio também Marias,muitas Marias,que vem e vão em geral com a mesma queixa,mas cada uma em seu invólucro de dor...uma dona Maria se queixa lá da dor nas costas e da pressa que tem em voltar para a casa e cuidar de seu “veio” que está inválido sobre uma cama há anos...nessa dona Maria eu leio parágrafos e parágrafos de abnegação,amor ,revolta e por fim resignação,e ao ler essa mulher,é a mim que a resignação bate a porta querendo entrar...
Leio então,minutos depois uma outra dona Maria que parece vazia,mas que ao virar a página do prólogo,entendo que não está vazia,apenas ressequida,secou pelos filhos que a abandonaram,pelo marido que a trai,pela mão que não a acolheu...pelo patrão que a despediu sem pesar.Essa dona Maria ,deixou páginas de seu livro para serem assim mesmo,ilegíveis,a menos até algo lhe devolver o viço da vida.Então viro outra página e vejo um sorriso e percebo que também há gravuras felizes naquele emaranhado de palavras soturnas...é quando dona Maria vai embora e diz:-“Deus que te abençoe viu,obrigada ” Então em mim brota o maior desejo que as páginas tristes dela sejam suplantadas por gravuras doces,cheias de bênçãos e acalentos de alma...então...que Deus a abençoe também dona Maria...Deus abençoe todas as donas Marias, sejam elas Luzias,Claudias,Sonias,Silvias, Lauras ou Maras,sejam todas donas Marias felizes,e se felicidade não couber no pacote,que caiba a paz ao menos!
Outro dia li uma amiga...no auge de toda sua exuberância física,li com imenso assombro páginas tristes e feias sobre não aceitação e superficialidade e quando quis folheá-la,li,alguns parágrafos a frente, que tudo não passava de um medo de menina...uma linda mulher sofrendo de medos de menina,sofrendo por sonhos desfeitos de menina,por decepções de menina...eu li no livro dessa amiga,que o crescer para ela foi mais difícil,porque ela se escondeu na beleza e esqueceu do coração...cresce o corpo e o coração continua despreparado...não ingênuo e puro como de uma criança,só imaturo mesmo...ela me disse que escreverá algo de bom para si mesma em breve...anseio pelos próximos capítulos...
Leio a mim também..ah como leio..em geral não entendo muito ,então apelos aos leitores de plantão,acho que por isso tenho tanta identificação com leitores de humanos como eu. Afinal,quem está de fora, sempre observa tudo por outro ângulo,aí está a arte de se respeitar conselhos,(disse respeitar,não se deixar doutrinar por eles).Abaixo o ditadinho “se conselho fosse bom se vendia”,é bom sim,é precioso também,só não pode ser decisório,tem de ser instrumento de ponderação,se for decisório,não é conselho,é ditadura de conduta.
Gosto muito de conselhos,ainda que na maioria das vezes eu não os siga..afinal,para algo eles me servem mesmo assim:servem para me dizer o oposto do que eu vou seguir...mas se você for menos rebeldezinho que eu ,pode tirar bom proveito da experiência alheia e não dar tanto com a cara na parede onde tantos já deram... pode até inaugurar um pedaço novo de parede para bater a cabeça só para você...
Enfim,ouço conselhos,ouço ponderações,ouço críticas(revido muito também porque sou leonina e não lido muito bem com rejeições..rs),mas enfim,ouço tudo isso porque o simples fato de alguém se dispor a tentar me ler,já me enche de satisfação, porque eu sei o que é ser leitor e livro dessa forma...queria saber se sou uma leitura enfadonha...
Se eu ainda fosse criança e soubesse dessa coisa toda de ler o ser humano, minha oração antes de dormir seria mais ou menos assim:
“papai do céu, obrigada por eu ter lido a minha amiga e não ter brigado com ela à toa,obrigada por eu ter lido o papai e não ter pedido aquela Barbie cara esse mês, porque ele teve mais gastos com meu irmão no médico,obrigada também por eu estar aprendendo a me ler e ter descoberto que gosto diferente do menino da minha classe.
Papai do céu,por favor,faça que o seu João leia direitinho a dona Yolanda e não bata mais nela e permita por favor que o Ju leia o que a tia Clo sente e não tente se machucar mais como fez outro dia .
Se puder também papai do céu,faça os governantes lerem o povo para que possam dar mais comida e escola e menos festas e carros só para os amigos dele!
Obrigada pela leitura da vida de hoje Papai do céu, amém”


É... Pensando bem eu não teria discernimento para pedir tudo isso aí não... Mas eu certamente pediria para conseguir ler algumas pessoas que amo e não leio há tempos,não por falta de vontade,mas por quê elas resolveram se tornar livros fechados,proibidos...
Quero livros abertos,quero seres humanos de portas abertas,
quero um mundo de bons sentimentos,de boa vontade;
não de receitas psico-pedagogicamente corretas de relacionamentos interpessoais.
Só quero a verdade dos olhos...só isso!

segunda-feira, 10 de março de 2008

PSICOGRAFIA

Um surto, um laço, um passo, um projeto de mim mesma... Um sussurro desmedido de uma dor disforme ,
Um jogo solto de palavras abruptas que escravizam a alma na doçura vã de uma promessa não cumprida...
Esse é você, essa sou eu.
Tornamo-nos fantoches de nós mesmos e pedimos renitentes aos nossos corações, migalhas, esmolas e um cobertor de afeto....estamos despidos e isso é tudo...roubaram nossa veste de coragem,nossos sapatos de ternura,nosso chapéu de sensatez...roubaram-me de você e você de mim..roubaram os dois.Roubamo-nos nós!
Percebeu que estamos à banca rota?
Percebeu que tudo o que tínhamos para perder já perdemos?
Onde estava você quando eu te perdi?Onde estava eu quando me perdi de você?
Olhe,veja ali bem próximo ao riacho..é um pedaço de você ainda vaga sem pesar... agarre-o,pode ser o que lhe resta para lembrar-lhe de sua hombridade...
Ah que pena. ..sua fraqueza não permitiu chegar a tempo...e o que sobrou de você foi com o vento...foi para o rio...lavou minha alma...encharcou sua sombra.
Vejo agora que há também um pouco de mim...há um pedaço de mim ali,distante de seus olhos,próximo ao descaso..Existe um pedaço onde seus olhos não alcançavam,penso que possa ser um pedaço do melhor de mim...deixe-me agarrá-lo!
Pronto...tomei em minhas mãos um resto de mim que repousava à sombra dos meus receios...mas , estranho ...como não reconheço nada de você ali ?!?
Reflito e chego a um veredicto:
Não há nada de você nesse pequeno pedaço do melhor de mim, porque você nunca foi o melhor de mim...ao contrário....esse melhor de mim fora extirpado pela tua presença aniquiladora...e por estar protegida pelos meus receios,permaneceu intacto...distante dos seus domínios...longe, mesmo de mim...
De onde você veio me esqueci, para onde vai,não necessito saber...
Vá,recolha somente as suas migalhas,deixe que as minhas recolho eu...siga teu caminho e não olhe para trás,já não achará ninguém...já estarei a muitas milhas à sua frente.Já terei me reconstruído...já o terei esquecido.
Adeus, que nos perdoemos e sigamos rumos opostos!
Que assim seja.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

O PESAR DOS PESARES

Lembro-me bem de alguns versos que me falavam à alma, em minha mais tenra idade:
“Se alguém quiser fazer por mim Que faça agora Me dê as flores em vida O carinho A mão amiga Para aliviar meus ais Depois que eu me chamar saudade Não preciso de vaidade Quero preces e nada mais”
Estes versos ornamentavam a porta da sóbria sala de coordenação do colégio onde passei alguns dos mais lúdicos momentos de minha vida...
(Só muito mais tarde é que vim a saber que esses versos eram parte de uma pérola da MPB,de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito,que se chama justamente: “Quando eu me chamar saudade”)
Pois bem,lembrei-me deles porque para mim,desde sempre foram uma ode ao não arrependimento,ao não pesar.
Estive refletindo acerca das lacunas impreenchíveis que algumas pessoas deixam em suas vidas:Muitos passam pela vida sem nunca ter “saído da linha”,sem nunca ter se permito algum adocicado desvio de conduta ou mesmo um infraçãozinha grave aos bons costumes que aprendemos na casa da vovó..mas acima de tudo,vejo lacunas irreparavelmente grandes,naquelas pessoas que deixaram para amar quando não mais podiam expressar seu amor.
Existe alguma argamassa da alma que tape o lugar do sentimento que sempre quis estar em seu devido lugar, mas que sempre fora renegado?Não existe "talvez" para um “eu te amo” não dito,um abraço não dado,uma conversas evitada,um sorriso economizado.Quando se torna talvez,já se tornou pó,o tempo levou e aí sim,Talvez tenha levado também a única chance de ser sincero,a única chance de honrar o tal do amor .
Posso me orgulhar de poucas coisas,mas de uma me orgulho sem pudor:Minhas saudades não são pesares...são falta por si só,sem remorsos,sem angústias quanto ao que eu deveria ter feito...àqueles de meu convívio que foram dessa vida,estou certa que foram carregando muito amor de minha alma,e aqueles que aqui permanecem,ainda que nem sempre se dêem conta,são beijados em pensamento a cada dia da minha vida, com todo meu amor,e sem nenhum arrependimento.Não me escondo atrás do que sinto,porque é o que sinto que permanecerá quando eu realmente me chamar saudade,logo,o que sinto, sou eu desdobrada,eu despida,eu refeita de meus males.Meu amor não é extemporâneo,não de ocasião nem sequer é mensurável..meu amor pelas pessoas e coisas de meu mundo é só Amor,nada mais!Falível,passional,ao mesmo tempo egoísta e abnegado,suave e profundo,sagrado e profano,humano...simplesmente amor revelado.


Quando eu, plagiando Nelson Cavaquinho, não estiver mais aqui e então ME CHAMAR SAUDADE,não quero ser lembrada pelo que poderiam ter feito por mim,mas pelos sorrisos que eu deixei plantados em alguém.
Apesar dos pesares,o pesar não me acompanha...digam o que disserem,mas não passo pela vida impunemente:grito aos quatro ventos o que sinto e faço isso de peito aberto,lavo minha alma com as delícias de um encontro com os amigos,com as lembranças de um beijo infindo ...e se lágrimas me molham a face...certamente não são fruto do que eu tenha deixado de fazer... errando ou não,tentei... e mergulhei no mar das saudades!
E que seja mais ou menos assim meu epitáfio:
Aqui jaz Flávia Mello
Alguém que viveu sem medo de sentir saudade!

sábado, 26 de janeiro de 2008

saudade

Moeda de troca...
Outro dia falava de saudade com o responsável desencadeador dos meus surtos máximos de saudade...falávamos de saudade como moeda de troca...e engraçado como esse assunto já havia me vindo a mente ha pouco tempo ...alias, engraçado como as coincidências me mostram que realmente as coisas que são verdadeiras, tendem a expandir a sua energia pelo universo e transformar fato avulso em tais coincidências felizes...
Bom, saudade como moeda de troca... Pode haver comércio mais lindo, pode haver escambo mais louvável?Troco a minha saudade pela sua e assim mergulhamos os dois na essência de cada um...
Quisera eu, que tantas outras pessoas pudessem usar a saudade como moeda de troca..e então..ao invés de somatizarem apenas as dores, as perdas e os desamores,trocassem a saudade de um pela do outro...
E se a saudade fosse nossa moeda de troca, os sofreres seriam amenizados, as dúvidas, extintas e os rancores extirpados;afinal,a saudade é medicamento poderoso,não só previne como cura as doenças da alma!
Não se veria ninguém permitir que o lado pernicioso do ciúme ,acabasse com um amor verdadeiro,porque os enamorados sentiriam mais saudade que revolta sem motivo,não se veria uma amizade ser diluída pelo tempo,porque a saudade seria o adubo para que ela sempre florescesse mais e mais...não se veriam mães abandonando seu filhos ,ou filhos abandonando seus velhos pais..porque a saudade os iria querer por perto, para lembrar o valor da família.
Sonho com o dia, que seja então a saudade nossa moeda corrente,porque assim as taxas de câmbio do coração,seriam atreladas ao amor,os juros cresceriam em conjunto ao afeto e o homem seria de novo, digo de ser chamado de “imagem e semelhança de Deus”apenas por ter se deixado governar pela saudade!
Eu hoje tenho a saudade como minha moeda de troca e garanto:nenhum investimento gera tantos lucros;minha saudade hoje gera sorrisos fáceis e sinceros,cumplicidade e bem estar.
Minha saudade não escraviza, não me angustia nem me priva de nada!Minha saudade me traz aqueles que amo,ainda que estejam distantes,conforta minha alma e me dá a força que preciso todos os dias...
Sinto saudades de sentir saudades às vezes...

contos e cantos de mim mesma...

Era uma vez um boneco,um pai-marceneiro,uma fada e as peraltices do garoto-boneco...
Mais uma das tantas estórias que me emocionavam na infância:Pinóquio!!!
Estes dias, estava eu comentando com um novo velho amigo ,sobre um certo menino-crescido,que temia eu, que já não quisesse mais ser menino,apenas crescido...e em uma dessas coincidências que nos fazer crer em algo maior que o vislumbrável,esse homem que tanto admiro em sua eterna infância, se intitulou de “meu menino”,sem saber que assim eu tinha me referido a ele mesmo, horas antes, em conversa com o amigo em comum;enfim,essa volta às meninices e à verdade que se encerra nessa infância eterna (que todos deveríamos respeitar e cultivar, como um precioso jardim em nossos corações)remeteu-me ao menino- boneco que queria ser menino-homem e a seu pai, que tanto queria um filho de verdade...
Pinóquio,Gepeto ,a fada e tudo o que circundava essa estória tão linda, que permeou minha mais tenra idade,agora também me faz refletir acerca do “meu” menino e da menina que também sou e serei para sempre,independente do que disser a cronologia;
Pensei em como sofria o boneco de madeira por querer ser menino de verdade e pensei também, como sofremos nós todos, por nem sempre termos nas mãos o rumo da nossa própria história...quantas e quantas vezes não fomos surpreendidos pelo nosso próprio engessamento frente as coisas da vida...quantas vezes você não se sentiu um boneco de madeira ,incapaz de sentir,ou de reagir e lutar contra o que lhe infringia a alma?
Penso que, quando nos dispomos a deixar cair a máscara, que ora nos protege,ora nos isola,somos abençoado por uma varinha de condão, como a da fada do conto do Pinóquio. Aprendemos, só aí, a chorar, a sentir, a amar de verdade; é como se a primeira lágrima que rolasse pela face despida de preconceitos, transformasse nossa carapaça de madeira em carne e osso.E então,para orgulho do nosso pai-marceneiro,seríamos meninos e meninas de verdade,de carne ,osso,lágrimas e sorrisos...coração a bater no peito e peraltices a cometer!
Mas voltando ao meu menino... Pensei tanto em como admiro quem se guarda na ingenuidade da sua criança interna;quem se respeita e por conseguinte respeita s aos outros; pensei em quanto o olhar simples, sobre as coisas vis do mundo, as pode transformar em algo melhor... Pensei em como meu menino-crescido tem esse olhar... Como seu altruísmo é uma lição a Gepetos, fadas e bonecos que querem ser meninos.
Ora, ora... Não faço aqui uma apologia desenfreada ao complexo de Peter-pan, como podem crer os leitores casuais desse derrame de alma, apenas confesso meu apreço por todo aquele que tem coragem (sim, porque é preciso ter coragem para isso!)de ser criança.Haja visto que, a criança de quem falo ,é apenas aquele ser humano que tem o dom de preservar dentro de si, o que só a infância nos dá:a verdade indissolúvel,a alegria impoluta,a fidelidade a si mesmo.
Aprendamos então com as crianças, a voltarmos a ser crianças, aprendamos a viajar pelas 20.000 léguas para dentro de nós mesmos, apenas com a predisposição de fazer cair por terra as convicções arraigadas sobre quem e como deveríamos ser_ Quem sabe então, nosso nariz não crescesse ao contarmos alguma mentira, ao invés de nos transformarmos em um monte de seres de fachada, como acontece a cada mentira contada?Quem sabe por um milagre ou por um feitiço de fada, não nos transformaríamos mais no que gostaríamos de ser e menos no que querem que sejamos?
Como diz a canção João e Maria de Chico Buarque :“no tempo da maldade acho que agente nem era nascido”...e que assim tivesse sido,e que assim seja!
Peter-pan,Pinóquio ou apenas um homem...feliz daquele que preserva sua essência independente das vicissitudes do acaso,das intempéries da vida!
Obrigada Luiz,meu menino crescido, pela lição do que é manter na alma a criança viva ...
Obrigada por me ensinar que os patos ,o lago ou a chuva,dizem mais sobre nós mesmos ,que qualquer julgamento alheio...

domingo, 20 de janeiro de 2008

dói aprender a viver...

Ontem eu falei de mim..anteontem também...hoje quero me atrever a falar de mim de novo...falar de sonho,de desejo,de saudade e de sofrimento...quero hoje falar de mim com a tônica mais verdadeira que minha alma calada possa me permitir...
Não venho mentindo,não venho me escondendo atrás de história alheia...só estou no ápice da minha omissão e isso já esta a me sufocar há um certo tempo....
Hoje preciso falar que de mulher só tenho idade;tem uma menina que não cresce nunca em mim...uma menina que chora quando tem medo,que abraça o travesseiro quando tem receio ou dor,uma menina que sonha em sonhar colorido de novo...
Uma menina que tem no gatinho seu melhor amigo e que tem nos outros amigos a metade da alma...
Preciso mostrar-lhe, meu espelho,que a menina aqui,as vezes também precisa de colo..as vezes chora quando lê um poema ou assiste a um filme tristonho de fazer doer o coração...
A menina aqui deixou as barbies mas só porque lhe disseram que era hora de brincar de viver...então a menina aqui chorou...
Chorou porque quando eram bonecas,o final da brincadeira era sempre de acordo com o caráter de cada uma delas...as más acabavam levando uma lição..as boazinhas ficavam felizes e levavam uma vida cheia de fortes emoções...
brincar de viver não é assim:
Esqueceram de contar para a menina aqui, que a vida não é uma brincadeira de Barbie, ou um conto de fadas..esqueceram de contar para menina que as vezes chora no canto por não conseguir mudar o final da brincadeira.,que brincar de viver não é o mesmo que viver brincando...
Lembro-me bem de ter dito no primeiro ano de faculdade, que queria que meu pai me tirasse do mundo cor de rosa em que fui colocada... Ele não precisou fazer isso. A vida se encarregou de tudo... Meu mundinho cor de rosa parou e eu caí dele ...caí direto para a realidade e como não a consegui mudar calejei-me com as quedas e os embates que me aguardavam...
Mas também há de se dizer que hoje, a menina que chorava por não estar em suas mãos o futuro da brincadeira Vida,aprendeu a sorrir; e aprendeu que a cada tombo, se conhece melhor o chão que se pisa...(nada como ter o solo próximo aos olhos por segundos para valorizar por anos o que é uma cabeça erguida de quem aprendeu a viver de fato!)
Estou longe de ser uma mulher bem resolvida, uma cidadã de caráter ilibado, de conduta exemplar... Prefiro pensar que ainda sou uma menina, subversiva às vezes; mas só uma menina... Uma menina que sabe que já não cabe a ela somente o destino de todas as personagens da sua “brinca-vida”...
A menina que não quer crescer, já sabe o que adversidade, negação e insurreição...
A menina que não quer crescer aprendeu a viver...