sexta-feira, 26 de junho de 2009

Portas de banheiros

Pintaram as portas: Apagaram as declarações,as heresias e os xingamento gratuitos.
Usurparam o direito das iras todas se eternizarem.Calaram os amores homoeróticos,os impossíveis e os improváveis...
Pintaram as portas, mas também, encardiram almas...as almas daqueles que se julgavam limpos,lidos e perpetuado pelos palavrões.
Eu sempre vi em cada desabafo de paredes de banheiro, uma tentativa árdua ,de não deixar a vida simplesmente passar; um grito solitário, para que se desse luz ao palco de cada um, que ali deixava seu testemunho de dor,amor ou escárnio...
As pessoas são mais carentes do que pressupõem-se e as tais portas,também as paredes, repercutiam mais que idéias, mais que vandalismo,mais que medo ou tesão pela vida...as paredes todas, grafitadas, rabiscadas,sujas,sempre foram mais que só paredes,sempre foram súplicas, pedidos de socorro, beijos ao vento.
Pode parecer bizarro aos olhos de muitos o quanto tais insólitos pedaços de alma,diluídos na poeira do tempo,me encantam; Mas o que me encanta mesmo, é a vida que move isso tudo, as pessoas anônimas, que pelo breve instante do ato “pecaminoso”,se auto-afirmam,se conscientizam de si mesmas:de seus esqueletos esquecidos nos armários da conveniência,de suas lágrimas natimortas, de seus sorrisos suplantados pelos bons costumes e de seu prazer calado a sangue frio.
Sejam paredes, seja papel,seja um beijo rechaçado ou um grito em um megafone roubado do pastor na praça: há de se calar a hipocrisia, há de se dar voz a alma,Amém.

(primeiro impacto na volta à universidade, onde portas às vezes, pintam destinos)