segunda-feira, 10 de março de 2008

PSICOGRAFIA

Um surto, um laço, um passo, um projeto de mim mesma... Um sussurro desmedido de uma dor disforme ,
Um jogo solto de palavras abruptas que escravizam a alma na doçura vã de uma promessa não cumprida...
Esse é você, essa sou eu.
Tornamo-nos fantoches de nós mesmos e pedimos renitentes aos nossos corações, migalhas, esmolas e um cobertor de afeto....estamos despidos e isso é tudo...roubaram nossa veste de coragem,nossos sapatos de ternura,nosso chapéu de sensatez...roubaram-me de você e você de mim..roubaram os dois.Roubamo-nos nós!
Percebeu que estamos à banca rota?
Percebeu que tudo o que tínhamos para perder já perdemos?
Onde estava você quando eu te perdi?Onde estava eu quando me perdi de você?
Olhe,veja ali bem próximo ao riacho..é um pedaço de você ainda vaga sem pesar... agarre-o,pode ser o que lhe resta para lembrar-lhe de sua hombridade...
Ah que pena. ..sua fraqueza não permitiu chegar a tempo...e o que sobrou de você foi com o vento...foi para o rio...lavou minha alma...encharcou sua sombra.
Vejo agora que há também um pouco de mim...há um pedaço de mim ali,distante de seus olhos,próximo ao descaso..Existe um pedaço onde seus olhos não alcançavam,penso que possa ser um pedaço do melhor de mim...deixe-me agarrá-lo!
Pronto...tomei em minhas mãos um resto de mim que repousava à sombra dos meus receios...mas , estranho ...como não reconheço nada de você ali ?!?
Reflito e chego a um veredicto:
Não há nada de você nesse pequeno pedaço do melhor de mim, porque você nunca foi o melhor de mim...ao contrário....esse melhor de mim fora extirpado pela tua presença aniquiladora...e por estar protegida pelos meus receios,permaneceu intacto...distante dos seus domínios...longe, mesmo de mim...
De onde você veio me esqueci, para onde vai,não necessito saber...
Vá,recolha somente as suas migalhas,deixe que as minhas recolho eu...siga teu caminho e não olhe para trás,já não achará ninguém...já estarei a muitas milhas à sua frente.Já terei me reconstruído...já o terei esquecido.
Adeus, que nos perdoemos e sigamos rumos opostos!
Que assim seja.