sábado, 26 de janeiro de 2008

saudade

Moeda de troca...
Outro dia falava de saudade com o responsável desencadeador dos meus surtos máximos de saudade...falávamos de saudade como moeda de troca...e engraçado como esse assunto já havia me vindo a mente ha pouco tempo ...alias, engraçado como as coincidências me mostram que realmente as coisas que são verdadeiras, tendem a expandir a sua energia pelo universo e transformar fato avulso em tais coincidências felizes...
Bom, saudade como moeda de troca... Pode haver comércio mais lindo, pode haver escambo mais louvável?Troco a minha saudade pela sua e assim mergulhamos os dois na essência de cada um...
Quisera eu, que tantas outras pessoas pudessem usar a saudade como moeda de troca..e então..ao invés de somatizarem apenas as dores, as perdas e os desamores,trocassem a saudade de um pela do outro...
E se a saudade fosse nossa moeda de troca, os sofreres seriam amenizados, as dúvidas, extintas e os rancores extirpados;afinal,a saudade é medicamento poderoso,não só previne como cura as doenças da alma!
Não se veria ninguém permitir que o lado pernicioso do ciúme ,acabasse com um amor verdadeiro,porque os enamorados sentiriam mais saudade que revolta sem motivo,não se veria uma amizade ser diluída pelo tempo,porque a saudade seria o adubo para que ela sempre florescesse mais e mais...não se veriam mães abandonando seu filhos ,ou filhos abandonando seus velhos pais..porque a saudade os iria querer por perto, para lembrar o valor da família.
Sonho com o dia, que seja então a saudade nossa moeda corrente,porque assim as taxas de câmbio do coração,seriam atreladas ao amor,os juros cresceriam em conjunto ao afeto e o homem seria de novo, digo de ser chamado de “imagem e semelhança de Deus”apenas por ter se deixado governar pela saudade!
Eu hoje tenho a saudade como minha moeda de troca e garanto:nenhum investimento gera tantos lucros;minha saudade hoje gera sorrisos fáceis e sinceros,cumplicidade e bem estar.
Minha saudade não escraviza, não me angustia nem me priva de nada!Minha saudade me traz aqueles que amo,ainda que estejam distantes,conforta minha alma e me dá a força que preciso todos os dias...
Sinto saudades de sentir saudades às vezes...

contos e cantos de mim mesma...

Era uma vez um boneco,um pai-marceneiro,uma fada e as peraltices do garoto-boneco...
Mais uma das tantas estórias que me emocionavam na infância:Pinóquio!!!
Estes dias, estava eu comentando com um novo velho amigo ,sobre um certo menino-crescido,que temia eu, que já não quisesse mais ser menino,apenas crescido...e em uma dessas coincidências que nos fazer crer em algo maior que o vislumbrável,esse homem que tanto admiro em sua eterna infância, se intitulou de “meu menino”,sem saber que assim eu tinha me referido a ele mesmo, horas antes, em conversa com o amigo em comum;enfim,essa volta às meninices e à verdade que se encerra nessa infância eterna (que todos deveríamos respeitar e cultivar, como um precioso jardim em nossos corações)remeteu-me ao menino- boneco que queria ser menino-homem e a seu pai, que tanto queria um filho de verdade...
Pinóquio,Gepeto ,a fada e tudo o que circundava essa estória tão linda, que permeou minha mais tenra idade,agora também me faz refletir acerca do “meu” menino e da menina que também sou e serei para sempre,independente do que disser a cronologia;
Pensei em como sofria o boneco de madeira por querer ser menino de verdade e pensei também, como sofremos nós todos, por nem sempre termos nas mãos o rumo da nossa própria história...quantas e quantas vezes não fomos surpreendidos pelo nosso próprio engessamento frente as coisas da vida...quantas vezes você não se sentiu um boneco de madeira ,incapaz de sentir,ou de reagir e lutar contra o que lhe infringia a alma?
Penso que, quando nos dispomos a deixar cair a máscara, que ora nos protege,ora nos isola,somos abençoado por uma varinha de condão, como a da fada do conto do Pinóquio. Aprendemos, só aí, a chorar, a sentir, a amar de verdade; é como se a primeira lágrima que rolasse pela face despida de preconceitos, transformasse nossa carapaça de madeira em carne e osso.E então,para orgulho do nosso pai-marceneiro,seríamos meninos e meninas de verdade,de carne ,osso,lágrimas e sorrisos...coração a bater no peito e peraltices a cometer!
Mas voltando ao meu menino... Pensei tanto em como admiro quem se guarda na ingenuidade da sua criança interna;quem se respeita e por conseguinte respeita s aos outros; pensei em quanto o olhar simples, sobre as coisas vis do mundo, as pode transformar em algo melhor... Pensei em como meu menino-crescido tem esse olhar... Como seu altruísmo é uma lição a Gepetos, fadas e bonecos que querem ser meninos.
Ora, ora... Não faço aqui uma apologia desenfreada ao complexo de Peter-pan, como podem crer os leitores casuais desse derrame de alma, apenas confesso meu apreço por todo aquele que tem coragem (sim, porque é preciso ter coragem para isso!)de ser criança.Haja visto que, a criança de quem falo ,é apenas aquele ser humano que tem o dom de preservar dentro de si, o que só a infância nos dá:a verdade indissolúvel,a alegria impoluta,a fidelidade a si mesmo.
Aprendamos então com as crianças, a voltarmos a ser crianças, aprendamos a viajar pelas 20.000 léguas para dentro de nós mesmos, apenas com a predisposição de fazer cair por terra as convicções arraigadas sobre quem e como deveríamos ser_ Quem sabe então, nosso nariz não crescesse ao contarmos alguma mentira, ao invés de nos transformarmos em um monte de seres de fachada, como acontece a cada mentira contada?Quem sabe por um milagre ou por um feitiço de fada, não nos transformaríamos mais no que gostaríamos de ser e menos no que querem que sejamos?
Como diz a canção João e Maria de Chico Buarque :“no tempo da maldade acho que agente nem era nascido”...e que assim tivesse sido,e que assim seja!
Peter-pan,Pinóquio ou apenas um homem...feliz daquele que preserva sua essência independente das vicissitudes do acaso,das intempéries da vida!
Obrigada Luiz,meu menino crescido, pela lição do que é manter na alma a criança viva ...
Obrigada por me ensinar que os patos ,o lago ou a chuva,dizem mais sobre nós mesmos ,que qualquer julgamento alheio...

domingo, 20 de janeiro de 2008

dói aprender a viver...

Ontem eu falei de mim..anteontem também...hoje quero me atrever a falar de mim de novo...falar de sonho,de desejo,de saudade e de sofrimento...quero hoje falar de mim com a tônica mais verdadeira que minha alma calada possa me permitir...
Não venho mentindo,não venho me escondendo atrás de história alheia...só estou no ápice da minha omissão e isso já esta a me sufocar há um certo tempo....
Hoje preciso falar que de mulher só tenho idade;tem uma menina que não cresce nunca em mim...uma menina que chora quando tem medo,que abraça o travesseiro quando tem receio ou dor,uma menina que sonha em sonhar colorido de novo...
Uma menina que tem no gatinho seu melhor amigo e que tem nos outros amigos a metade da alma...
Preciso mostrar-lhe, meu espelho,que a menina aqui,as vezes também precisa de colo..as vezes chora quando lê um poema ou assiste a um filme tristonho de fazer doer o coração...
A menina aqui deixou as barbies mas só porque lhe disseram que era hora de brincar de viver...então a menina aqui chorou...
Chorou porque quando eram bonecas,o final da brincadeira era sempre de acordo com o caráter de cada uma delas...as más acabavam levando uma lição..as boazinhas ficavam felizes e levavam uma vida cheia de fortes emoções...
brincar de viver não é assim:
Esqueceram de contar para a menina aqui, que a vida não é uma brincadeira de Barbie, ou um conto de fadas..esqueceram de contar para menina que as vezes chora no canto por não conseguir mudar o final da brincadeira.,que brincar de viver não é o mesmo que viver brincando...
Lembro-me bem de ter dito no primeiro ano de faculdade, que queria que meu pai me tirasse do mundo cor de rosa em que fui colocada... Ele não precisou fazer isso. A vida se encarregou de tudo... Meu mundinho cor de rosa parou e eu caí dele ...caí direto para a realidade e como não a consegui mudar calejei-me com as quedas e os embates que me aguardavam...
Mas também há de se dizer que hoje, a menina que chorava por não estar em suas mãos o futuro da brincadeira Vida,aprendeu a sorrir; e aprendeu que a cada tombo, se conhece melhor o chão que se pisa...(nada como ter o solo próximo aos olhos por segundos para valorizar por anos o que é uma cabeça erguida de quem aprendeu a viver de fato!)
Estou longe de ser uma mulher bem resolvida, uma cidadã de caráter ilibado, de conduta exemplar... Prefiro pensar que ainda sou uma menina, subversiva às vezes; mas só uma menina... Uma menina que sabe que já não cabe a ela somente o destino de todas as personagens da sua “brinca-vida”...
A menina que não quer crescer, já sabe o que adversidade, negação e insurreição...
A menina que não quer crescer aprendeu a viver...