quinta-feira, 1 de maio de 2008

entre espumas e anjos

Depois de um filme...foi depois de um filme já pela 3 ªvez assistido que me veio a tal história da espuma no banho...
Não sei se pelo momento particular que andei passando, ou se por minha sugestionabilidade natural , (depois de uma sessãozinha básica de 3 filmes nesse feriado do dia do trabalho :dia mor do ócio para mim)que eu depois de muito pensar sobre mil coisas ao mesmo tempo,coisa típica aliás da pessoinha aqui,me peguei embaixo do chuveiro,com a água quase que fervendo,devido ao friozinho confortável que estava,brincando de fazer roupas com a espuma do sabonete,assim como eu fazia quando eu tinha lá meus 6 ou 7 anos,em meus memoráveis banhos semi-eternos de no mínimo 40 minutos.Eu fazia uma espuma densa com o sabonete e ficava moldando roupas de divas em mim...chegava a sair do boxe do banheiro só para ver minha sublime criação no espelho...hoje eu não cheguei a tanto,mas que por alguns momentos eu moldei um vestidão maravilhoso de espuma,ah,isso eu fiz...ficou aquele vestido,austero ,mas sexy,branco,mas intenso,igualzinho aos da minha infância...
Lembrei-me então, que recentemente durante um banho também,veio um anjo e disse de um jeito meio brincalhão e desconcertado ,como todo bom anjo deve ser,que estava me lavando...sorri e ali eu percebi que ele realmente tinha me lavado,inclusive a alma...ali no meu banho um anjo veio e me trouxe a liberdade na asas e quando resolveu me lavar,diluiu em água minhas angústias e elas se descolaram de mim. Então,quando vem a tristeza ,me lembro do sorriso daquele anjo dizendo: “to te lavando”...é meu anjo da guarda,você realmente estava me lavando,estava me purificando para um mar de sentimentos que a partir dali teriam outra conotação em minha vida...nunca mais esqueci aqueles olhos do Anjo,nem seu sorriso,quase profético.
Bom, voltando as espumas do meu banho de 1º maio: Quando me dei conta do que eu estava fazendo, toda aquela espuma e eu preocupada com o decote do “vestido”, fiquei surpresa como no fundo eu havia estado triste por não fazer coisas assim há tempos... Há quanto tempo eu não fazia vestido de espuma?Há quanto tempo eu não moldo máscaras e vasos de argila que o papai trazia de um rio próximo a nossa casa porque sabia o quanto eu gostava?Há quanto tempo eu não desenho roupas e casas?Há quanto tempo eu não sento no chão, toda esparramada para assistir um desenho com uma bacia enorme de pipoca?
Está certo que também faz muito tempo desde a época em que essas coisas eram corriqueiras, afinal, há muito já não sou criança, mas a minha criança continua aqui...viva,manhosa,brincalhona e teimosa,querendo me guiar em muitas situações...antes,tivesse eu me deixado levar por ela muitas vezes; teria evitado muita dor,muita mágoa ,muita angústia de adulto.
Engraçado como que essas situações todas me vieram a mente depois de um filme sobre crises típicamente de adultos:dependência,passionalidade desmedida,posse e medo de verdades.Coisas, que criança não teme,porque também não conhece...mas se conhecesse,certamente se sairia melhor que os adultos no alto de sua empáfia!
A sensação se ser uma criança adulta é complicada,ao menos para mim,porque ora me obrigo a ser fria ,madura demais nas decisões,ainda que me façam sofrer,ora o que eu quero é desesperadamente um colo e só,onde eu possa chorar e ser mimada,sem muitas questões postas em cheque.Sabe aquela coisa de não ter que explicar?Só precisar se aninhar num colo querido?então..às vezes é só isso mesmo que preciso.
Comecei a pensar como eu quero de volta aquela sensação mágica de que os problemas acabam com uma noite de sono... assim eram meus problemas na infância:validade:até o soninho revigorante da noite.
Ou seja, dia novo, vida nova,alegria nova,problema novo..até que outra noite viesse e lá estava eu,me despedindo de novo de minhas angústias...
Quando eu era criança, eu também tinha anjos por perto, talvez não tivessem esse sorriso do anjo que me banha a alma hoje em dia,mas assim como ele,me traziam paz,e me protegiam do pior de mim:o pseudo-amadurecimento,o recrudescer sem volta.
Entre espumas, lembranças e anjos, tenho apenas uma certeza, a Terra do Nunca é aqui, em meu coração!Não pretendo crescer...não saberia ser adulta...

Um comentário:

Luiz Orlandini disse...

Ser adulto e criança simultâneamente é o ápice da escalada evolutiva, quem sabe o topo da pirâmide da maturidade... crescer dói, e muito, e não só pela falta que sentimos das coisas do passado, mas pela triste constatação de que a maioria tende a querer ser só adulto e a esquecer dos tempos de infância. "Criancisse" é vista como imaturidade pelas carrancas severas dos que nada entendem sobre isso... peço de verdade meu anjo, que então se lembre mais vezes dos banhos de espuma, dos vasos de argila, e que compartilhe com quem te cerca esses momentos puros e infantis. Sim, isso é um convite para uma sessão-desenho embalada à pipoca e chocolate quente, pois sempre que tivermos essa chance, de refazer certas coisas sem a necessidade de revisitar o passado, teremos a chance de esquecer sim dos problemas com uma noite de sono! As angústias não penetram nos corações que de fato oferecem reduto para a Terra do Nunca, e os abraços e colos estarão sempre garantidos para quem pensa assim, como você, uma anjinha loira de luz vestida num vestido branco de espuma... Te adoro anjo, obrigado por tudo e parabéns pela iluminação e pelo brilhantismo do texto! Saudades sempre, bilhões de beijos!